MODERNISMO EM PORTUGAL
“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...”
Álvaro Campos (Fernando P.)
As primeiras manifestações modernistas começaram a surgir no período compreendido entre as duas guerras mundiais, período marcado por profundas transformações político-sociais em toda a Europa, não só em Portugal. Foi um movimento forte e amplo que deu fim a superficialidade – que convivia com a crença de que a evolução tudo comandava e pouco cabia ao homem nesse processo – e implantou o inconformismo. Modernismo, não foi apenas produto de uma evolução estética: ele decorreu de todo um estado de espírito formado pela cultura da época e que repercutiria em todas as artes, integrando literatura, pintura, música, arquitetura, cinema, etc.
O Modernismo tem como característica unificadora o desejo de liberdade de criação e expressão. Esse anseio de independência inclui: o vocabulário, a sintaxe, a escolha de temas e a maneira de ver o mundo. Seus criadores cobrem de humor, ironia e paródia as manifestações modernistas, passando a utilizar as expressões coloquiais. O mais importante é a atualidade centram o fazer literário na expressão da vida cotidiana, descrita com palavras do dia-a-dia, afastando-se da literatura tradicional, consagrada ao padrão culto.
Vanguardas Européias
Vanguarda vem do francês e significa extremidade dianteira dos exércitos em luta. E a literatura de vanguarda foi realmente combativa, polêmica, desbravadora e irreverente. Os vanguardistas da época valiam-se do deboche, da ironia e da luta verbal com o objetivo de substituir a arte passadista pela arte moderna. Na Europa, essa vanguarda tem como marca o avanço tecnológico e científico.
As principais Vanguardas Européias Foram:
Cubismo
Oriundo da pintura, fraciona a realidade, remontando-a, a seguir, por meio de planos geométricos superpostos.
Futurismo
Exalta a velocidade e a máquina.
Dadaísmo
Nega totalmente a lógica, a coerência e a cultura, como forma de oposição ao absurdo da guerra. Toma o termo dada, que não significa nada.
Surrealismo
Prega o apego à fantasia, ao sonho e à loucura, além da utilização da escrita automática em que o artista, provocado pelo impulso, registra tudo o que lhe vem à mente, sem preocupação com a lógica.
Orfismo (1ª Geração) - 1915 - 1927
Revista Orpheu iniciou o Modernismo em 1915 foi inspirada pelos movimentos da Vanguarda Européia, desejava romper com o convencionalismo, com as idealizações românticas, chocando a sociedade da época. Vários artistas participaram da elaboração da revista, entre eles destacaram-se: Fernando Pessoa, Mario de Sá-carneiro e Almada Negreiros. Os escritores do orfismo como ficaram conhecidos queriam exprimir à literatura portuguesa as inovações européias. Teve fim em 1927 com o inicio da revista Presença.
Presencismo - (2ª Geração) 1927 - 1940
Anos depois, em 1927, outra importante revista passa a ser divulgadora dos novos ideais modernistas – A Revista Presença, que teve como maior representante, o escritor José Régio.
Presencismo caracteriza-se pela emoção estética de suas obras, pelo predomínio da literatura psicológica, buscando sempre uma "literatura original, viva e espontânea". A arte pela arte.Com seu fim em 1940 surge o Neo-Realismo.
Neo - Realismo (3ª Geração)- 1940
Surgiu em 1940 e colocou-se contra as posturas da anterior, principalmente pela defesa do engajamento da literatura, da sua contribuição na conscientização do público leitor quanto aos problemas socioeconômicos-políticos do país. O principal fundamento do neo-realismo era a idéia de que a arte deve “exprimir a realidade viva e humana de uma época”, ”exprimir atualmente uma tendência histórica progressista”, tendo em conta que “formas novas podem ter um significado velho” “e formas velhas – ainda que excepcionalmente – podem conter um significado moderno e progressista”.
Poetas da 1ª Geração - Orfismo
Fernando Pessoa
O mais importante representante do Modernismo português e um dos poetas do século.
Fernando Pessoa foi um “multiplicador de eus” e essa foi sua característica mais destacada, criou vários heterônimos. Os mais conhecidos são: Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis.
Mário de Sá Carneiro
Almada Negreiro
Poetas da 2ª Geração - Presença
João Gaspar Simões
Branquinho da Fonseca
Escritores da 3ª Geração - Neo - Realismo
Um pouco de poesia modernista...
Nada Fica de nada
Nada fica de nada.
Nada somos.
Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.
Cadáveres adiados que procriam.
Leis feitas, estátuas vistas, odes findas
— Tudo tem cova sua.
Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.
Somos contos contando contos, nada.
Mário de Sá-Carneiro (Lisboa, 19 de Maio de 1890 - Paris, 26 de Abril de 1916), foi um poeta, novelista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do Modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu.