segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Histórias infantis




O pastor e o leão


Um pastorzinho, notando, certa manhã, a falta de várias reses, enfureceu-se, puxou da espingarda e saiu para a floresta.

- Raios me partam se eu não trouxer vivo ou morto o miserável ladrão das minhas ovelhas! Hei de campear o dia e a noite, hei de encontrá-lo , hei de arrancar-lhe o fígado.

E, assim, furioso a resmungar as maiores pragas, consumiu longas horas em inúteis investigações.

Cansado já, lembrou-se de pedir socorro aos céus.

-Valei-me, Santo Antônio! Prometo-vos vinte reses, se me fizerdes dar de cara com o infame salteador.

Por estranha coincidência, mal o pastorzinho disse aquilo, eis que lhe surge aos olhos um enorme leão de dentes arreganhados.

O nosso herói treme dos pés à cabeça, a espingarda cai-lhe das mãos e tudo quanto consegue fazer é invocar de novo o santo.

-Valei-me, Santo Antônio, prometi-vos muitas reses, se me fizesseis aparecer o ladrão; prometo-vos agora, o rebanho inteiro para que o façais desaparecer.

MONTEIRO LOBATO











A Galinha Ruiva
Raposão morava com Raposinha numa floresta, onde quase não havia aves para caçar.

Raposão, muito doente, dizia a Raposinha:
-Veja se me traz uma galinha! Se comer uma galinha, eu sei que saro logo.
Raposinha pegou um saco, pôs um tacho de água para ferver e disse:
-Pode ficar sossegado. Já já, estou de volta com uma galinha no meu saco. Enquanto isso, deixe a água ferver.
Raposinha saiu.
Lá para as bandas do rio, morava a Galinha Ruiva, a galinha mais gorda e mais bonita que já se viu.
Raposinha bateu para a casa da Galinha Ruiva e escondeu-se atrás de um feixe de lenha.
A Galinha Ruiva, que não era nenhuma boba, viu uma poeirinha na estrada e viu os rastros da Raposinha no seu quintal. Que fez, então? Voou para o telhado de casa e cacarejou:
-Raposa não voa.
Mas Raposinha, que também não era nenhuma boba, pensou e regougou:
- Ora! Ela está ali, está no meu saco! Espere sua boba!
E Raposinha começou a correr ao redor da casa sem parar.
A Galinha Ruiva ia rodando em cima do telhado com os olhos em Raposinha.
Rodou,rodou, e, de repente, começou a ficar tonta e - paft! - caiu no chão, ao pé da Raposinha.
Mais do que depressa, Raposinha apanhou a Galinha Ruiva, meteu-a dentro do saco, amarrou bem o saco e saiu para casa catarolando:
-Lá,lá,ri,lá,lá,lá.
A Galinha Ruiva pensava muito, e Raposinha ficou muito cansada. Andou, andou, e não teve outro remédio senão parar um pouco para descansar. Sentou-se debaixo de uma árvore, mas não aguentou e ferrou no sono.
A Galinha Ruiva, que estava com uma tesourinha no bolso, fez um buraco no saco e saiu. Mas para a Raposinha não desconfiar de nada, pos uma pedra bem grande no saco, costurou-o e - pernas pra que as queros?
-correu para casa.
Raposinha acordou, pegou o saco e, pondo-o às costas, foi pelo seu caminho cantarolando:
-Lá-rá-lá-lárá-li-lá-lá-lá!
Raposão viu Raposinha chegar e gritou:
-A água já está fervendo!
Raposinha entrou muito prosa, abriu o saco em cima da água quente e disse:
-Ah! Hoje, sim! Vamos comer galinha, e que galinha!
Mas dentro do tacho, caiu a pedra, esparramando água quente por toda parte.
Raposinha ficou espantada, quando viu aquilo e ficou com medo.
Até hoje Raposinha não sabe explicar o que aconteceu.
E Raposão? Sarou?
O rachador de lenha e o nadador
Era uma vez um rachador de lenha que perdeu o machado que era seu ganha-pão.O pobre do homem sentou-se muito aflito à borda de um rio, e nisto aparece-lhe um nadador e diz-lhe assim:
-Ó homem! Tu que tens?
Diz-lhe o outro:
-Que lhei de ter, senhor! Perdi meu machado, que era meu ganha-pão!
O nadador atirou-se ao rio e deu um mergulho, e trouxe de lá do fundo um machado de ouro.
-É este? - perguntou ele ao rachador de lenha.
-Não, senhor! - diz-lhe o rachador. O meu não era tão bom como esse!
O nadador tornou a dar outro mergulho, e trouxe do fundo do rio um machado de prata.
-É este? - disse ele ao homem.
-Também não! - respondeu o rachador. O meu ainda não era tão bom!
Vai o nadador e dá o terceiro mergulho e traz de lá um machado de ferro.
-É este?
-É sim, senhor! É esse mesmo! - respondeu o rachador muito satisfeito.
E, por ser honrado e verdadeiro, o nadador deu-lhe os três machados - o de outro, o de prata e o de ferro - e o rachador foi contar aos companheiros o sucedido.
Diz um dos companheiros:
-Oh! que pechincha! Vou arranjar também um machado de ouro!
E foi e atirou ao rio o seu machado de ferro, e depois sentou-se numas pedras e pôs-se a chorar.
Vem o nadador e pergunta-lhe:
-Ó homem! Tu por que choras?
Diz-lhe o tal:
-Senhor! Foi meu machado que me caiu ao rio!
O nadador mergulhou então e trouxe de lá do fundo um machado de ouro.
-É este?
Diz muito depressa o grande mentiroso:
-É sim, senhor!
Mas diz-lhe o nadador muito zangado:
-Pois vai outra vez para o fundo do rio, só por mentires e não seres honrado; e nem levas este e nem o teu!
E atirou-se ao rio com o machado de ouro, e o rachador ficou sem nenhum!
( TRINDADE COELHO )





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